sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Tá leve?

Livros podem abrir portas para "mundos" desconhecidos, te fazer pesquisar novos idiomas, despertar interesse por outros escritores, assuntos e, também podem fundir sua cabeça em ideias e ideias e conjecturas que não acabam mais. A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, é do tipo que te faz avaliar posturas e calcular o peso que tem a leveza da vida e vice-versa. Viagem garantida.
A obra cujo enredo se desenvolve nas experiências de Tomas, Teresa, Sabina e Franz, leva o leitor a questionar seus comprometimentos, compromissos e sutilezas. Desde os primeiros capítulos, onde se estabelecem paradoxos entre a leveza e o peso da existência humana começam a despertar milhões de questões latentes na cabeça de qualquer pessoa minimamente pensante.
São dilemas perfeitamente cabíveis na vida prática - a ligação de responsabilidade que existe entre um casal, traição, a banalização dessa traição, uma vida sem muitas questões, sem vínculos sólidos - e por aí vai. A mim, me fez pensar muitas coisas e creio, que o objetivo seja esse mesmo, o de ilustrar e trazer à tona as questões e contradições do ser humano, a fragilidade de algumas certezas. Não é à toa que esse livro está lá, na cabeceira da cama, não pela beleza da história, mas pelo que me leva a refletir.
A insustentável leveza já é uma afirmação contraditória, visto que, teoricamente, apenas as coisas que pesam podem ser difíceis de sustentar, as leves não implicam em grandes esforços. Lêdo engano! Em se tratando de vida, o peso seria uma razão, um motivo para que se continue lutando a cada dia; a leveza seria a banalidade da existência, a falta de objetivo, de mola propulsora.
Tomando essa equação como verdade absoluta, conclui-se que nada pode ser fácil. Que essa vida sem comprometimentos que a gente fica pleiteando não seria produtiva ou benéfica. São os fardos que dão sentido à existência humana, desde o mais trivial, que é a batalha pela pão de cada dia (seu e às vezes dos outros) às outras tantas demandas.
Faz-se necessário porém salientar que ter algo que pese, ou seja, tenha relevância na sua vida não implica em ter sofrimentos, feridas abertas na carne, te lembrando o tempo todo da dor, mas sim uma razão suficientemente forte para encher os pulmões de ar e levantar todos os dias de manhã. É preciso coragem para não sucumbir à superficialidade. E mais coragem ainda para pegar suas fragilidades, questões, objetivos e fardos, colocar numa sacola e seguir a trajetória vida afora. Essa leveza que se sonha ainda não é desse mundo, mas quem sabe um dia...

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