quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Ser é diferente de Estar.

Ia por aí sendo, sendo qualquer coisa corriqueira, qualquer nota na escala...sendo ou estando, quem sabe...

A mesma rotina do café até a hora da cama, salvo nos fins de semana, quando trocava o uniforme de trabalho por pijamas, a cadeira do escritório pelo sofá velho e o computador e o mouse por tv e controle remoto. Indiferente.

Não era (ou estava) nem a sombra do que um dia fora, não por excesso de idade, problemas de saúde ou coisa que os valha, mas, talvez, por ter esquecido do princípio do prazer.
É prazer o que move e remove! De fato esquecera...de se permitir.

Copiando velhos moldes, de velhas éticas e reproduzindo personagens conhecidos. 
Tudo para que nada desse errado, tudo para que nada fosse de aborrecer, fingindo de vivo para que não percebessem o que dentro estava morto.

Atônito, muito embora não tenha sido sempre assim.

Não era realmente, em época nenhuma, dado às maiores demonstrações de afeto ou o inverso, porém nesses novos tempos havia criado uma espécie de carapaça de resignação, de poucas ambições de trabalho, de amor, de horizontes.

Talvez fosse desinteressante até pra si, mas escondia bem.
Talvez percebesse que estava bem longe das sensações que buscava aos 20, mas aceitou bem.
Talvez quisesse se rebelar, mas preferiu aceitar.

Adaptar-se, seu lema.

Não é possível prever seus próximos passos, mas os votos são para que desperte.
Para que descubra suas vontades, que lute pelo que acredita.
Que seja para si e não para os outros sempre.
Que faça o que gosta, que re-encontre os sonhos deixados no meio do caminho, as viagens e todas as aspirações de antes.

Ninguém que cala sua própria voz deve permanecer mudo.
Ser é diferente de estar.



sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Sê Perdida

Se as palavras dessem conta
Se conseguissem traduzir...

Ah, cabeça, que pensa sem parar e que nunca faz sentido
Calma.

Quer ir, quer voltar, quer fazer o que?
Calar.

Não pode magoar, não pode magoar-se
Pra frente ou pra trás.

Parar também não pode.

Ê vida! Tinha que ser tanto? 
É, às vezes, tão pouco.

É surto? É posse? É medo?
O que é?
E de onde vem? Pra quem devolve isso? Como volta pro zero?

Não volta.

Vai e sê perdida no mundo! 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

E agora, José? José?

É a primeira vez sozinha na hora do "vamo" ver.
Tudo acontece!
Na vida prática e no restante.

É a primeira vez que queima lâmpada, quebra torneira, entope banheiro.
Trivialidades do cotidiano.
Vai lá! Se vira!

E não é que se vira! Pela primeira vez...
São as contas, as datas, a geladeira vazia (ninguém fez comida?!)
A pia cheia, a roupa ainda no varal.

É a primeira vez e, serão muitas.
Muitas coisas não planejadas, muitos dias de "hoje tá foda!"
E outros tantos de "ufa! minha casa colorida!".

Responsabilidades, compromissos e liberdade.
Às vezes, vazio.
Uma saudade do barulho, de um objeto deixado lá e cá.
Falta alguma coisa aonde sobra.

É a primeira vez que experimento meu próprio gosto.
É um quarto grandão, uma cama, uma televisão...ímpar.
É também uma sensação sem explicação de falta de referência.
Serão muitas?

Tudo assusta no desconhecido.
O último que saiu, com certeza, apagou a luz.
Tem que descobrir onde acende.
Vixe! O chuveiro desarmou! Se vira de novo!
E assim seguem esses dias...

Por si mesma, pra si e para onde?
Sempre questões.



domingo, 23 de novembro de 2014

Amenidades de Qualquer Amor

É domingo. Lá fora chuva. Nós.

Enquanto ele cozinha eu ajudo com os temperos, porque não sei cozinhar, mas ele gosta. E tem pose de chef quando fala e um sorriso de covinhas enquanto imagina o prato, que me faz sorrir também.

Ao fundo tem sempre música. Tem também o nosso bom papo e o vinho que permeia todo processo.
Almoço de domingo. Almoço bom!

O cheiro dele, o cheiro de refogado e o beijo que é doce e suave como esses dias de querer bem e como esses domingos de estar com quem se gosta.

A gente coloca a mesa junto, saboreia junto e o que acontece é carinho, parceria e troca. Que troca!

Depois disso tudo gosto de deitar no peito dele e sentir sua respiração e ouvir suas histórias e ganhar seus beijos.

É leve o bem me quer, é cheio de nossas peculiaridades, é dentro de uma bolha, é só dele e meu.

As gotinhas caindo lá fora são um convite pra ouvir e sentir, só sentir esse dia, que podia ser qualquer dia, mas é domingo.

Amanhã é segunda e se hoje nada disso aconteceu foi só por preguiça do tempo ou porque quem escreveu adora inventar historinhas.

Moça boba! Como escreve!

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

É de quem te quer bem!

Pensa que é fácil abrir mão? Abrir mão é de doer. Mas ela o fez, por algum tempo.Tempo suficiente pra encher a cabeça de incertezas, de nostalgia pelo que ficou pra trás e ficar totalmente aturdida por não conseguir abandonar o que vinha pela frente.
Essa moça! Ai, ai..Desde que a conheço vive cercada de dúvidas, numa dificuldade incrível de largar uma coisa pra pegar outra. Quer agarrar com mãos, entrelaçar nas pernas, prender bem firme entre os dedos o mundo.
E como sofre! Sem ser pra tanto!
Aprenda, moça! Esse ciclo não tem fim! Está sempre entre escolher e abdicar...a vida inteira.
Queria poder te ajudar mais, te fazer assentar esse turbilhão que passa na tua cabeça, dar um sossego pra esse teu coração que vez por outra sai do compasso, atropela o andamento, por conta desse teu sobressaltado jeito de ser.
Te aquieta! Respira!
Num tempo que é outro, não esse que você vive, as coisas caminham e tomam seus lugares sem afobamento e se ajeitam, se reorganizam e se encontram. Mas da próxima vez, se puder, toma uma canja de galinha pra afastar a ansiedade e dá atenção devida pras decisões.Talvez com toda certeza do teu coração, doa menos deixar algo pra trás ou alguém...
São apenas conselhos de quem melhor te quer na vida...conselhos de quem te vê de perto, exatamente como és e te conhece, ou pelo menos tenta, ou pensa que te sabe bem.
Segue a estrada que tomaste pra ti como certa, respeita a tua escolha e dê somente a importância adequada ao que passou, nem mais, nem menos.
Espera um minuto! Sempre dá tempo de tentar corrigir uma decisão equivocada. Se for esse o caso, faz tua parte e te prepara pro que vem de consequência. Cresce, moça!
E se der uma vontade de fazer como em outros tempos, aqueles de se jogar no chão e chorar e chorar, lembra que nunca deu jeito. Te coloca no prumo e banca! Segue o trem!
No mais é perceber que  não é tudo ou nada, que decidir acertadamente é um cálculo de possibilidades e não de certezas porque a vida é uma sucessão de eventos inesperados; é se entender, não se deixar cegar pela pressa, pelo imediato, pelo que vale a pena hoje...
Acho que com tudo que te escrevi já vamos ter algum caminho pra seguir. Espero que você leia, que se tiver dúvida me consulte. Ah! Mas tem uma coisa, a gente só vai se entender se você puder se calar pra me escutar.

Atenciosamente,

Você.



sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Apartheid

Aqui está ela e lá está ele.
Onde havia um ar terno e de afeto mora agora qualquer coisa feita de saudade
Não há mais os dois, nem os cheiros, nem os gestos, nem as taças vazias e depois um emaranhado de lençóis.

Aqui está ela e lá, sabe se aonde é lá, está ele.
Talvez ambos assoviem a mesma música, talvez remoam as últimas palavras ditas e aquelas outras que os olhos marejados não deixaram dizer.
Quem sabe um dos dois já se sinta melhor, aliviado.
Quem sabe nenhum...

Aqui está ela, possivelmente tentando convencer a si mesma de que não tinha escolha, de que o caminho sempre foi esse, de um futuro feito de fim.
Aonde ele está pode ser que esteja também o arrependimento por ter vivido essa história, por ter prolongado, por não ter sido casual...
E pode ser que estejam os dois questionando a vida, os céus, Deus, pelo desencontro.

Lá onde ele vive, deve ser calmaria.
Dentro dela é sempre turbilhão.
Lá onde ele vive não deve ser de queimar.
Com ela é sempre quente.
La onde ele vive é seguro, é dele.
Com ela tudo é dúvida, desconhecido.
E é lá que ele finca os pés, longe dela.

Aqui onde ela está, tudo é novo.
Ele é uma descoberta.
Aqui onde ela está tudo é feito de palavras.
Com ele, vira música.
Aqui onde ela está é pra ontem, é pra já.
Com ele tudo tem três tempos, tem estágios.
E é aqui, longe dele, que ela está.

Não há mais os dois, nem os cheiros, nem os gestos, nem as taças vazias e depois um emaranhado de lençóis.
Onde havia um ar terno e de afeto mora agora qualquer coisa feita de saudade.
Aqui está ela e lá está ele.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Do desequilíbrio.

Equilíbrio é palavra de lei. Remete a meios termos, equações perfeitas. Sou toda extremos.
Não sei ser nada pela metade. Nem meio boba, nem meio chata e nunca quero qualquer coisa só um pouquinho. Quero com toda a minha energia, quero de verdade.
Não sei gostar pela metade de "algos" e "alguéns". Nem sei sorrir entre dentes ou meio de lado, beijar sem colar bem os lábios, abraçar sem ser apertado e fazer aquele laço.
Quero somar. Odeio metades.
Aceito meu desequilíbrio e tenho apego a ele. Me leva sempre a uma ponta do pêndulo das minhas emoções.
Que vida chata essa de respirar afobado e não sentir o ar encher o pulmão bem grandão, de ter asas e alçar meio voo, de entrelinhas. Não quero pra mim.
Meio feliz, meio triste, um trabalho meio legal, um amor unilateral e uma vida inteira baseada em ser assim, assim. Nem pensar.
Que seja seu ou meu, que seja por inteiro, que seja feito só de verdades e plenitudes.

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