"És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...
Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo..."
Faz amadurecer, solidificar, envelhecer, esquecer, estragar...
Pode ser medido em horas, minutos, pelas transformações físicas, ser percebido através de fotos e histórias. Gostamos de quantificá-lo mais do que de qualificá-lo.
Penso no tempo ora como uma coisa concreta, que vejo passar no relógio e no calendário, ora como algo completamente sem unidade de medida, tão fulgás quanto interminável, dependendo apenas da situação. Às vezes é aquele vovô bonzinho que assopra os machucados e sara as feridas, outras o inspetor que acaba com o recreio quando a brincadeira estava ficando boa.
Cada um vem com timming específico. Por isso ocorrem os desencontros!! E os grandes encontros também! Que nada mais são do que pessoas com cronogramas de vida parecidos, ponteiros acertados para mesma atividade num mesmo período.
Não dá pra alterar o tempo de ninguém, fazer com que te entendam no momento que você precisa, te queiram no momento que você quer...salvo quando as "coincidências" fazem com que as vontades se cruzem, fora isso, é respeitar o traçado dos outros e, principalmente o seu próprio.
O passar dos anos no tangente à nossa estrutura física, deixa suas marcas, não há como negar. A textura da pele, o vigor da juventude, a capacidade de nossos órgãos não são as mesmas aos 20 e aos 70. A maturidade e a sabedoria também não. Tudo a seu tempo! Horas de correr, horas de caminhar! Libélula e depois borboleta!
É possível escolher o quando de muitas situações na vida, o que não significa que é o quando certo...rs...mas há essa possibilidade. A questão maior surge diante das coisas inalteráveis, dos anos que não voltam atrás, das palavras que já saíram da boca, dos pontos finais que não podem ser transformados em vírgulas...como faz?! Dá-se tempo ao tempo!
O relógio não vai parar, os doze meses do ano continuarão existindo, todavia o tempo de sofrer, de amadurecer, de ser feliz não está sob os domínios deste Vovô Inspetor...rs...é pessoal e intransferível.
A vida não se resume a um esvair de dias e horas até que se chegue à morte, é uma sucessão de fins e recomeços. O tempo é apenas um referencial para coisas práticas, nada mais. As coisas da alma desconhecem essa medida.